A Associação Brasileira de Franchising anunciou em fevereiro de 2023, o balanço do desempenho do setor em 2022. A divulgação foi feita durante Coletiva de Imprensa no formato híbrido (presencial e online), que contou com a participação do presidente da entidade, Tom Moreira Leite, da vice-presidente, Adriana Auriemo, do fundador e CEO da Praxis Business, Adir Ribeiro, na sede da Associação em São Paulo, e, virtualmente, do Doutor em Economia e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mauro Sayar Ferreira.
O estudo da ABF revela que o mercado de franquias brasileiro consolidou sua recuperação e deu sinais de crescimento no ano passado. O faturamento das redes no País superou, pela primeira vez, os R$ 211 bilhões, passando de R$ 185,068 bilhões em 2021 para R$ 211,488 bilhões em 2022, um crescimento nominal de 14,3%, índice superior aos 12% projetados pela ABF.
Com isso, desde o pico da pandemia, são oito trimestres de crescimento ininterrupto. Frente a 2019, o avanço do franchising foi de 13,2%, cuja receita naquele ano totalizou R$ 186,755 bilhões. Já no quarto trimestre de 2022, cuja comparação se deu com igual período do ano anterior, menos impactado pela pandemia, a alta da receita foi de 12,6%, alcançando R$ 63,800 bilhões. Quando comparado ao quarto trimestre de 2019, o crescimento chega a 16,1%.
Em 2022, o setor registrou ainda expansões expressivas em número de unidades, redes de franquia e empregos diretos, o que corrobora o robusto desempenho do setor no ano.
Entre os principais fatores que contribuíram para este desempenho estão o forte retorno do comércio e atividades presenciais ao longo de todo o período, a recuperação da taxa de emprego, o avanço da digitalização e de outros canais de venda, principalmente o delivery, e os ganhos advindos das lições da pandemia (principalmente em relação à maior eficiência e adaptabilidade). A emergência de novos modelos de negócio (principalmente virtuais e home based), o crescimento acelerado das microfranquias e marcas de outros mercados aderindo ao franchising são outros aspectos que também contribuíram.
Para Tom Moreira Leite, presidente da ABF, “em 2022 tivemos um amplo retorno dos contatos presenciais e ao longo de todo o período, inclusive com a retomada de hábitos como viagens e grandes eventos. Internamente, mantivemos o aprendizado da pandemia de fortalecer nossa operação em termos de eficiência e gestão, ao mesmo tempo em que continuamos a desenvolver capacidades e canais de venda digitais que mantêm uma participação muito relevante. Com isso, depois de uma curva de recuperação acelerada, voltamos a uma trajetória ascendente”.
Expansão do número de unidades
A pesquisa da ABF registra que houve expansão no número de operações em 2022. O volume total cresceu 7,8% na comparação com o ano anterior, totalizando 184.354 unidades, e de 14,5% frente a 2019. O encerramento de operações ficou em 6,0%. Quanto aos repasses, o estudo indica que houve uma ligeira redução no ano passado, cujo índice foi de 2,5%, ante 2,8% em 2021. A média de unidades por rede se manteve quase estável (59,3 em 2021 e 59,9 em 2022), mas ainda apresenta uma diferença significativa em relação a 2019, que foi de 55,2.
“Com a melhora do quadro sanitário, assim como já observado em 2021, as redes retomaram seus planos de expansão. Desta forma, já estamos mais de 14% acima dos níveis pré-pandemia, o que evidencia a grande capilaridade do setor, inclusive em polos regionais e mercados para além do eixo Rio-São Paulo”, ressalta o presidente da ABF.
Redes também em alta
O número de redes de franquias também registrou crescimento, aponta o levantamento da ABF. O balanço de 2022 indica que houve um avanço de 6,8% em relação ao ano anterior. Com isso, o Brasil totalizou 3.077 marcas no ano passado frente a 2.882 no período anterior. De acordo com Tom Moreira Leite, “neste indicador também rompemos uma barreia importante, a das três mil unidades. Isso ocorreu tanto pela criação de novas marcas, como por empresas tradicionais que adotaram o sistema de franchising. Continuamos a identificar indústrias e prestadores de serviço que buscam expandir seus negócios e se aproximar do consumidor por meio de franquias”.
Franquias continuam gerando empregos
Com a retomada da expansão e do crescimento da receita, o ecossistema de franquias gerou novos postos de trabalho. Em relação a 2021, o número de trabalhadores diretos no setor aumentou 12,6% – bem acima da projeção feita pela ABF para o ano passado, de 5%. O número de pessoas empregadas saltou de 1.411.319 para 1.589.276. Já em relação a 2019, o crescimento foi ainda maior, de 17,0%. Em 2022, em média, cada unidade de franquia empregava diretamente nove trabalhadores.
Todos os segmentos crescem
No balanço de 2022, os 11 segmentos classificados pela Associação Brasileira de Franchising apresentaram crescimento em relação ao ano anterior. Na casa dos 20%, Saúde, Beleza e Bem-Estar foi o terceiro segmento com maior crescimento, avanço de 21,5%. O aquecimento de serviços, a recuperação do emprego e a busca por bem-estar impactaram positivamente essas franquias, cujo resultado foi conquistado sob uma base já robusta (o segmento cresceu 10,5% em 2021 e 3,1% em 2020).
Projeções
A Associação Brasileira de Franchising projeta para 2023 um crescimento entre 9,5% e 12% no faturamento, 10% em unidades, 4% em redes e de 10% no número de empregados diretos do setor.
“A nossa curva de crescimento, a expansão da base instalada e os investimentos e ajustes realizados nos últimos anos indicam uma trajetória positiva para o nosso setor, ainda que a pressão de custos, um consumidor com seu comportamento em constante transformação e acesso a crédito dificultado são desafios que permanecem. Nesse sentido, enquanto representante do franchising, a ABF continuará a buscar aprimoramentos no ambiente de negócios, com destaque para a reforma tributária, e linhas de crédito com condições facilitadas para o setor”, conclui Tom Moreira Leite.
Metodologia
A Pesquisa de Desempenho do Franchising Brasileiro em 2022 reuniu 419 marcas de um universo de 3.077 redes, representando 36,7% do faturamento e 36% número de unidades do setor. Envolvendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino. Auditados por empresa independente, os dados divulgados pela ABF são referência para órgãos governamentais de diversas esferas, entidades internacionais do franchising, como World Franchise Council (WFC), Federação Ibero-americana de Franquias (FIAF) e instituições financeiras.